Com vistas na Copa de 2014, o país se prepara para formar profissionais que dominem idiomas estrangeiros para atender os visitantes de outros países durante o Mundial
Formar profissionais que dominem idiomas estrangeiros -especialmente o inglês -para atender a turistas, empresários, jornalistas, esportistas e representantes de delegações internacionais durante a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 é um desafio. Não há dados oficiais disponíveis que confirmem o déficit de pessoas que falem inglês no Brasil, mas os próprios estrangeiros no país confirmam que têm certa dificuldade para se comunicar.
De acordo com a pesquisadora em aprendizado e bilinguismo Nara Vidal, a inexistência de levantamentos sobre o tema indica o atraso em debater a questão de forma ampla.
A enfermeira canadense Celine Purcell, em visita ao Brasil pela segunda vez, diz que é possível entender os brasileiros e se comunicar de forma simples. Celine explicou, no entanto, que não sente segurança para resolver problemas mais complexos, que poderiam envolver a necessidade de vocabulário mais avançado e fluência. "Pedir uma refeição ou pegar um táxi não é problema", detalha.
Ao perceber a necessidade de os funcionários se comunicarem melhor para incrementar os negócios, Malu Farkuh, dona de uma lanchonete no Mercado Municipal de São Paulo, permitiu que três atendentes cursassem aulas de inglês pelo Programa É a Língua Que Nos Une, da prefeitura da cidade, em parceria com a São Paulo Turismo (SPTuris) e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
O mesmo fez a taxista Débora Boltolozi, que participou do Taxista Nota 10, que teve até o início deste ano mais de 11,3 mil inscritos.
Inclusão social
"Muito se fala em inclusão social. Inclusão social é não privar o aluno de baixa renda de se inserir no mercado de trabalho e nas relações sociais por causa da língua, ou da falta dela. Inglês é a completa inclusão social. Ainda é um privilégio de poucos, considerado elitista, o que não pode ser. O inglês precisa ser ferramenta disponível a todos, desde cedo, para a melhor formação profissional do cidadão brasileiro", disse Nara Vidal.
De acordo com o Mtur, a prioridade dos cursos gratuitos é dada já às cidades-sede da Copa das Confederações, em 2013. Os cursos além de gratuitos são presenciais.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
País sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil se prepara para que seus habitantes se comuniquem a contento com os estrangeiros dos mais diversos países que estarão no país durante a realização do mundial.
Números
10%
Fontes informais indicam que apenas 10% da população fala inglês
7,9mil
Vagas nos cursos gratuitos de línguas nos estados-sede da Copa do Mundo 2014
Saiba mais
Cursos gratuitos
O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em parceria com o Ministério do Turismo (MTur), oferece oito cursos de idiomas - inglês, espanhol e Língua Brasileira de Sinais (Libras), com mais de 7,9 mil vagas nos estados-sede da Copa do Mundo (Amazonas, Bahia,
Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo). No Rio e em São Paulo, já há turmas formadas.
Esses cursos estão no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), especificamente do Pronatec/Copa. As aulas são gratuitas e presenciais e as inscrições para o segundo semestre já podem ser feitas pela internet.
Há também o curso de idiomas, oferecido gratuita-mente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), em parceria com o Serviço Social do Transporte (Sest), o Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (Senat) e ao Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae), é feito a distância para facilitar o acesso dos taxistas. As aulas são em CDs, com apostilas específicas.
FONTE: O POVO
FOTO: DEIVYSON TEIXEIRA